O quarto do Carlinhos tem esta designação desde que eu me lembro. Foi ali que durante mais de 30 anos, o Carlinhos, de seu nome completo Carlos Augusto Rodrigues, dormiu, na alcova mais do que monástica, feita com tábuas sobrepostas onde pouco mais cabia que a cama. No espaço que sobrava, arrecadava as ferramentas que usava no ofício da lavoura, talvez algum capote para o inverno e umas botas para os dias de festa.
O Carlinhos foi para casa dos meus avós, muito pequenino (6, 7 anos), para cear (na aldeia, naquela época a ceia correspondia ao jantar) e no inverno ceava-se quando a noite descia - por volta das 18h. Para além de cear e aquecer-se ao lume, foi ficando… e passaram-se algumas dezenas de anos, até que, casado e já com um filho, saiu para a sua casa.
Nestes anos todos, o Carlinhos cresceu nesta casa e nesta família que ele considerava a sua família. Foi sempre considerado da casa e um grande amigo, cuja amizade e estima se perpetuam nos filhos e netos.